sábado, 6 de agosto de 2011

O Inferno Lírico de Badou Sarcass III



(ou o cantor de silêncios)

Não! Enganam-se todos, estou lúcido. Se agora pereço, é por amor à vida.

Minha loucura não é de hoje, é de sempre. Portanto, calem-se!

Sou uma inexistência sóbria, o preferido dos deuses de minha timidez.

Se invoco a verdade, é para provar que ela não existe.

Se clamo por justiça é para dizer que não pertenço a este lugar.

Estou farto do mortal e dos mortais...

Desse maniqueísmo frio do qual sou fruto.

As ciências tudo me dizem, mas eu nada entendo.

Há uma vontade desesperada de gritar,

O grito infinito, o grito de deus.

“Ah Badou, se pudesses...

...mas teu cantar são silêncios.”

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