quarta-feira, 31 de julho de 2013

NUMA ESPERANÇA QUE RESULTOU VÃ



Um maravilhoso poema do Frei Luis de León



Foge, felicidade, de meu peito;

que engano te remete novamente
à fúria de um passado sem proveito?



Guarda memória do tempo inclemente, 
quando aos olhos do povo, desterrada, 
foste acusada repentinamente.


Por que voltar pela estrada nublada, 
onde o vento, a tormenta e a chuva fera 
 só te farão gemer na caminhada?

Aí não se vê cor da primavera,
a nuvem, sem o sol, se descolora,
o rouxinol não canta, e é longa a espera.

A noite não desvela; aí se chora
as misérias do dia em solidão,
e o mal presente vence o mal de outrora,


Fica no teu desterro, que este chão
já não me dá prazer nem me alivia,
por mais que a terra gire, sempre em vão;



fica no teu desterro; da alegria
e da paz que viveste semeando, 
só nasce espinho nesta terra fria;
 
fica no teu desterro, pois, voltando, 
mais uma vez te verei castigada 
com duro açoite, pelo infame bando;
 


fica no teu desterro,  não lembrada, 
felicidade, mãe de tantas dores, 
eu sigo o triste fado desta estrada.



Os bens que quero mais, são dissabores
ofendendo-me o ser com voz perjura,
contradição de amigos traidores;

mancham-me as mãos, se elas se querem puras;
paz e amizade me declaram guerra;
as culpas faltam, sobram penas duras.


Toda inocência que meu peito encerra,

é o que me fere com maior dureza:

quando ela cresce, meu ser cai por terra.


Mudou em mim a lei da natureza,

em mim lateja a dor que não se entende

e derrota a razão e a sutileza.


Qual pássaro cativo, que pretende 
desenredar-se, e mais fica amarrado, 
minha própria defesa é que me ofende.


Eu pago em mim as culpas do pecado 
alheio, que me faz seu prisioneiro, 
e exigem propaganda desse estado.

Feliz quem não conhece o sorrateiro
trato da lei, dos tribunais, cidades,
as artimanhas desse mundo inteiro;

quem vive só, por mais tranqüilidade, 
recolhido à pobreza da cabana 
e alimentando a mente com verdade;
 
e erguendo as mitos ao sol, na luz que plana

do céu à terra, em saudação mais pura,

não sente a inveja que o rancor derrama;


suas noites, que sabor, nessa ventura!,  
a mesa abastecida  alegremente 
pelo campo coberto de verdura;
 
e junto da verdade reluzente,

do justo e o simples, seu maior tesouro,  
vive do brilho que a fé não desmente;
  
alegrias compondo um vasto coro,

a paz que flui da bem-aventurança,

olhos que gozam, recusando o choro.

Já tens onde morar, minha esperança; 
ergue tua casa, sem fazer ruído;
se alguém quiser saber de minha andança,  
fala que há muito tempo estou sumido. 
(Tradução de Luiz Antônio de Figueiredo)

Abaixo o original em espanhol:

EN UNA ESPERANZA QUE SALIÓ VANA

Huid, contentos, de mi triste pecho;
¿qué engaño os vuelve a do nunca pudistes
tener reposo ni hacer provecho?

Tened en la memoria cuando fuistes
con público pregón, ¡ay!, desterrados
de toda mi comarca y reinos tristes,

a do ya no veréis sino nublados,
y viento, y torbellino, y lluvia fiera,
suspiros encendidos y cuidados.

No pinta el prado aquí la primavera,
ni nuevo sol jamás las nubes dora,
ni canta el ruiseñor lo que antes era.

La noche aquí se vela, aquí se llora
el dia miserable sin consuelo
y vence el mal de ayer el mal de agora.

Guardad vuestro destierro, que ya el suelo
no puede dar contento al alma mía,
si ya mil vueltas diere andando el cielo.

Guardad vuestro destierro, si alegría,
si gozo, y si descanso andáis sembrando,
que aqueste campo abrojos solo cría.

Guardad vuestro destierro, si tornando
de nuevo no queréis ser castigados
con crudo azote y con infame bando.

Guardad vuestro destierro que, olvidados
de vuestro ser, en mí seréis dolores:
¡tal es la fuerza de mis duros hados!

Los bienes más queridos y mayores
se mudan, y en mi daño se conjuran,
y son, por ofenderme, a sí traidores.

Mancíllanse mis manos, si se apuran;
la paz y la amistad, que es cruda guerra;
las culpas faltan, más las penas duran.

Quien mis cadenas más estrecha y cierra
es la inocencia mía y la pureza;
cuando ella sube, entonces vengo a tierra.

Mudó su ley en mí naturaleza,
y pudo en mí el dolor lo que no entiende
ni seso humano ni mayor viveza.

Cuanto desenlazarse más pretende
el pájaro captivo, más se enliga,
y la defensa mía más me ofende.

En mí la culpa ajena se castiga
y soy del malhechor, ¡ay!, prisionero,
y quieren que de mí la Fama diga:

«Dichoso el que jamás ni ley ni fuero,
ni el alto tribunal, ni las ciudades,
ni conoció del mundo el trato fiero.

Que por las inocentes soledades,
recoge el pobre cuerpo en vil cabaña,
y el ánimo enriquece con verdades.

Cuando la luz el aire y tierras baña,
levanta al puro sol las manos puras,
sin que se las aplomen odio y saña.

Sus noches son sabrosas y seguras,
la mesa le bastece alegremente
el campo, que no rompen rejas duras.

Lo justo le acompaña, y la luciente
verdad, la sencillez en pechos de oro,
la fee no colorada falsamente.

De ricas esperanzas almo coro,
y paz con su descuido le rodean,
y el gozo, cuyos ojos huye el lloro.»

Allí, contento, tus moradas sean;
allí te lograrás, y a cada uno
de aquellos que de mi saber desean,
les di que no me viste en tiempo alguno.


 






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